"A raça dos Homens de Bronze!"
"A Raça dos Homens de Bronze!"
E Zeus Pai, terceira, outra raça de homens mortais brônzea criou em nada se assemelhando à argêntea; era do freixo, terrível e forte, e lhe importavam de Ares obras gementes e violências; nenhum trigo eles comiam e de aço tinham resistente o coração; inacessíveis: grande a sua força e braços invencíveis dos ombros nasciam sobre as robustas partes. Deles, brônzeas as armas e brônzeas as casas, com bronze trabalhavam: negro ferro não havia. E por suas próprias mãos tendo sucumbido desceram ao úmido palácio do gélido Hades; anônimos; a morte, por assombrosos que fossem, pegou-os negra. Deixaram, do sol, a luz brilhante.
Os homens da raça de bronze, consoante Hesíodo, foram criados por Zeus, mas sua matriz são os símbolos da guerra.
Trata-se aqui da violência bélica, que caracteriza o comportamento do homem na guerra.
Assim, do plano religioso e jurídico se passou às manifestações da força bruta e do terror.
Já não mais se cogita de justiça, do justo ou do injusto, ou de culto aos deuses.
Os homens da Era de bronze pertencem a uma raça que não come pão, quer dizer, são de uma era que não se ocupa com o trabalho da terra.
Não são aniquilados por Zeus, mas sucumbem na guerra, uns sob os golpes dos outros, domados “por seus próprios braços”, isto é, por sua própria força física.
O próprio epíteto da era a que pertencem esses homens violentos tem um sentido simbólico.
Ares, o deus da guerra, é chamado por Homero na Ilíada, “de bronze”.
No pensamento grego, o bronze, pelas virtudes que lhe são atribuídas, está vinculado ao poder que ocultam as armas defensivas: couraça, escudo e capacete.
Se o brilho metálico do bronze reluzente infunde terror ao inimigo, o som do bronze entrechocado, essa voz, que revela a natureza de um metal animado e vivente, rechaça os sortilégios dos adversários.
A par das armas defensivas, existe uma ofensiva também estreitamente ligada à indole e à origem dos guerreiros da Era do Bronze.
Trata-se da lança ou dardo confeccionado de madeira especial.
Melíades
As ninfas melíades, nascidas do sangue de Urano, estão intimamente unidas a essas árvores “de guerra” que se erguem até o céu como lanças, além de se associarem no mito a seres sobrenaturais que encarnam a figura do guerreiro.
Na Teogonia o poeta “gerou os grandes Gigantes de armas faiscantes (porque eram de bronze), que têm em suas mãos compridas lanças (de freixo) e as ninfas que se chamam Méliadas”.
Assim entre a lança, atributo militar, e o cetro, atributo real da justiça e a paz, há uma diferença grande de valor e de nível.
A lança há que submeter-se ao cetro.
Quando isso não acontece, quando essa hierarquia é quebrada, normalmente para o guerreiro, a violência dele se apodera, por estar voltado inteiramente para a lança.
Filhos da lança, indiferentes aos deuses, os homens da raça de bronze, como os Gigantes, após a morte, foram lançados no Hades por Zeus, onde se dissiparam no anonimato da morte.
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