" Ratos e gatos no paiol"
“É para rir muito,mas, também,dá vontade de chorar!”
Esta história é fenomenal. É igualzinha a história da politicagem brasileira, por que não de todos os países. Quem acha que é bobagem,que é uma invenção de quem não tem o que fazer,bobagem! Ela retrata a nossa situação política desde o barbudo de onde começou o “Mensalão” até nossos dias, pois por baixo do pano lá está ele com seu terno de $8.200,00. Pode até ser que houve alguma sacanagem com o anterior, mas a coisa degringolou da era “Barbudo” para cá,não é? Se não quiserem ler,sinto muito, mas é a realidade escancarada!
Um fazendeiro plantava milho e o armazém reinava no paiol. Com o milho, o
fazendeiro alimentava as galinhas, os cavalos, as vacas, e todos os
outros bichos da fazenda. Os bichos da fazenda, por sua vez, garantiam ao fazendeiro o seu sustento.
Os ratos insistiam em roubar o milho armazenado no paiol. Quem cuidava
do paiol era um cachorro. Um cachorro preto e grande. Quem cuidava do
paiol antes do cachorro cuidar do paiol era o pai do cachorro e, antes
do pai do cachorro, quem cuidava do paiol era o avô do cachorro. E
sempre foi assim, a família do cachorro cuidando do paiol, e não
deixando que os ratos comessem todo o milho.
Era um trabalho duro: os ratos não acabavam nunca e, chovesse ou
fizesse sol, lá estavam para roubar uma espiga aqui, outra ali. O
cachorro não tinha folga e para fazer frente à rapidez dos ratos, mantinha os músculos em forma e os reflexos ligeiros.
Em compensação, o cachorro adorava o seu trabalho. Afinal, se não fosse
por ele, os ratos já teriam há muito tempo comido todo o milho e
acabado com a comida dos demais bichos. Em reconhecimento ao seu
trabalho, a bicharada elegeu o cachorro o presidente da fazenda.
Um dia, apareceu na fazenda um gato. Um gato magro e bigodudo. Tão
bigodudo que, se tivessem barba os gatos, esse poderia ser um gato barbudo. O cachorro, como todo cachorro que se preza, ciente da sua função e do valor do seu trabalho, latiu para o gato, quis que o gato fosse embora. O cachorro sentia que aquele bicho de ar debochado, malicioso, sem muito gosto para o trabalho, não poderia ser grande coisa. O fazendeiro não ouviu o que o cachorro quis dizer, e o gato foi ficando, foi ficando, foi ficando...
O gato, que não trabalhava (que, aliás, nunca tinha trabalhado), tinha
bastante tempo para conversar com os outros bichos da fazenda. E
chegava de mansinho junto da bicharada, magrinho, fraquinho, e começava a miar. Os outros bichos, muito bonzinhos, paravam para escutar o que o gato tinha para dizer:
- Miau, miau, ai, ai. O que vai ser de mim. Não existe lugar nesta
fazenda para um bichinho como eu, tão injustiçado, tão fraquinho! Veja,
não posso trabalhar, o sistema é tão injusto! Só por que não nasci forte
como o senhor, Seu Cavalo, só por que não posso dar leite como Dona Vaca, não posso trabalhar! O Seu Cachorro, o dono do poder, não avalia essas contingências históricas e me mantém mergulhado nessa penúria...
No fim, depois de tanta ladainha, os bichos começaram a acreditar no
gato. A sentir pena do gato. E o gato, que se dizia injustiçado. Que se
fazia passar por vítima. Que era explorado pelo sistema e,
principalmente, pelo cachorro que lhe negava tais milhos. Conquistou a
simpatia dos bichos. E fez com que os bichos acreditassem que ele, tão sofrido, tão maltratado, iria garantir a todos melhores condições de vida.
Tanto miou, tanto fez, que um dia os bichos revoltados com a situação
de absoluta miserabilidade do gato e com a injustiça social reinante na
fazenda, resolveram destituir o cachorro. E de nada adiantou o cachorro
insistir que cuidar do paiol não era para qualquer um. Que ele havia
treinado muito para assumir essa função. Que os ratos não eram mole, e
não dariam trégua assim tão fácil.
Afastaram o cachorro e, por unanimidade, colocaram no seu lugar o gato.
Os bichos sabiam que o gato dantes nunca havia trabalhado. Que não
tinha sequer se preparado para assumir a função mais importante na
fazenda. Mas acreditaram que o gato, por ter sofrido mais do que ninguém com a política do cachorro, traria ordem e moralidade à administração do paiol.
No começo, tudo foi festa: no lombo de Seu Cavalo, viajava o gato para
outros sítios e fazendas, falando sobre a sua conquista. Contava aos
outros bichos que agora a fazenda vivia uma nova realidade. Tanta era a
festa, tanta era a euforia, tanta era a esperança, que os bichos não
perceberam que mais e mais gatos não paravam de chegar.
Gatos de todos os jeitos. Gatos vindos de todas as partes. Gatos, que
em comum com o gato-presidente, nunca tinham trabalhado na vida. E
gato-presidente, que curiosamente chamava todos os demais gatos de
companheiros, precisava arranjar uma função para essa gataiada.
Então, um dia, quando Seu Cavalo apareceu para puxar o arado, percebeu que, no seu lugar, um bando de gatos ocupava os arreios. E Dona Vaca, que produzia o melhor leite da região, foi expulsa da estrebaria pelos companheiros do gato-presidente. E o gato-presidente remunerava prodigamente todos os seus companheiros. Afinal, um trabalho em prol da coletividade que desempenhavam...Como era de se esperar, o gato-presidente (nunca havia trabalhado) não conseguia cuidar do paiol.Os ratos logo perceberam a situação: atacavam, como nunca haviam feito, o milho da fazenda. Tão complicada ficou a situação que o
gato-presidente precisou conversar com o seu conselheiro. Um gato de
óculos, que miava de um jeito esquisito, puxando demais os "erres":
- Miarr, presidente. A coisa tá feia. Em nome da governabilidade da fazenda, temos que nos aliar aos ratos!
- Companheiro, os fins justificam os meios! Devemos passar aos demais
bichos uma imagem de ordem e tranqüilidade! E os gatos fizeram um pacto com os ratos: os ratos fingiam que não roubavam o milho, os gatos
fingiam que caçavam os ratos.
Dessa forma, a bicharada acreditava que os ratos estavam sendo
combatidos, e os ratos, que por baixo do pano recebiam suas espiguinhas, mantinham os gatos no poder.
Entretanto, o milho foi acabando. E os bichos, que haviam acreditado na
conversa do gato-presidente, com fome, começaram a ficar insatisfeitos.
E foram todos reclamar com o gato-presidente.
Tarde demais. O paiol já estava infestado de ratos, ratos por toda
parte, ratos em tudo. Ratos e gatos, gordos, barbudos, aproveitando
tranqüilamente o que havia sobrado de milho no paiol enquanto os restos da bicharada, os bichos que sabiam trabalhar, que davam duro, ficaram sem comida. Sem comida, e traídos que se sentiram, o maior tesouro de todos: a esperança de dias melhores.
Maria Augusta da Silva Caliari e Pesquisa via Google-Internet
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 03/10/2012
Alterado em 13/12/2015