"Cânhamo,Cannabis, como queiras nomear!"
O cânhamo,(Cannabis sativa, ruderalis, é, desde a aurora da humanidade, conhecido por seus múltiplos usos, e durante séculos – até 1900, para ser mais exato – teve utilização maciça tanto como matéria prima para papel, tecidos e fibras como também para a produção de medicamentos. Somente nas primeiras décadas do século passado é que ele foi proscrito, em meio a disputas comerciais com o algodão e o nylon – carro-chefe da nascente indústria petroquímica. Sim, o plantio do cânhamo foi criminalizado somente por interesses comerciais, e muita gente lucrou com isso. Você não, certamente, mas teve gente que lucrou.
Uma indústria em pleno desenvolvimento foi então impedida de crescer, e o avanço tecnológico já alcançado foi posto em ostracismo. E quem mais perdeu com isso foi o planeta. Décadas de exploração irracional do petróleo o tornou recurso facilmente esgotável nos próximos trinta anos. A sangria de nossas florestas destrói 20 campos de futebol por hora. E a certo tempo, não restarão florestas nem “ouro negro” sob nossos pés. Um colapso energético é latente e previsível, aumentam as temperaturas, respira-se mal, o planeta seca, e quem é culpado? Nós mesmos, que permitimos leis ignorantes e mercadológicas que impedem uma solução ecológica e socialmente responsável: o cânhamo.
Além de matéria prima para tecidos, papel, fibras e cordames, a tecnologia atual já permite a fabricação de quase tudo que é feito de petróleo a partir do cânhamo. Excelente biocombustível, o óleo de suas sementes foi testado por Henry Ford, que inclusive construiu um carro de fibra de cânhamo mais resistente a colisões que os da época. Mas Ford também foi um dos que sofreram o baque da proibição. O projeto foi pra gaveta, e nossas crianças tomam banho de chuva ácida.
Já é possível até a fabricação de plástico a partir do óleo de cânhamo, sem contar seus inúmeros usos medicinais. Atualmente, cerca de 100 medicamentos são testados no mundo, a partir da fibra de cânhamo. Remédios para males como AIDS, câncer, glaucoma, esclerose múltipla, entre outros. É certo que pessoas continuem sofrendo se o alívio está aqui tão perto, testado e validado?
Hoje, o cânhamo é fonte de receita de diversos países, e não pense em Bolívia, Colômbia ou Marrocos. Experiências bem sucedidas de plantio ocorrem na França, na Holanda, em Portugal., na Grã-Bretanha e em diversos países europeus. O grande sucesso chinês se deve em parte ao cânhamo, visto que a China domina 80% deste mercado, com rendimentos anuais de 38 bilhões de dólares. E nós comemoramos nossa soja que dizima a Amazônia, brindamos nosso algodão que derrama anualmente 176 mil litros de pesticidas em nossos rios.
Em tempos de escassez de recursos não renováveis (guerras matam pelo que resta de petróleo no mundo, e sim, ele vai acabar) só uma mentalidade muito medíocre não nota que a grande saída é uma fonte renovável de energia, sazonal e de colheitas anuais. Enquanto dinossauros apodrecem para fazer um pouco de petróleo, almejamos uma colheita de cânhamo a cada ano, recurso inesgotável que depende apenas de duas coisas: consciência e trabalho.
Legalizar o cânhamo não passa apenas por vontade política. É, antes de tudo, uma questão de consciência. O que fazemos com o nosso mundo? Que planeta esperamos para daqui a cem anos? Se você se diz preocupado com as questões humanitárias, se te indigna o preço da gasolina, se você não concorda com a guerra por petróleo, se a novela das oito não é teu mentor intelectual, você também deve refletir esta questão. Legalizar o cânhamo, para fins industriais e de pesquisa, é um ato de amor, pelo planeta, pelo próximo e por nós e nossos descendentes.
Maria Augusta da Silva Caliari e Pesquisa via Google-Internet
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 18/08/2013
Alterado em 11/12/2015