"O significado humano e místico da amamentação!"
Na Idade Média as imagens da Mãe de Jesus amamentando seu filho era vista sem maldade e servia de estímulo às mães para que amamentassem seus filhos.Infelizmente, poucas imagens sobreviveram até os dias atuais. Uma delas forma um belíssimo mosaico ostentado na fachada da Basílica de Nossa Senhora no Trastevere, localizada em Roma, onde teria sido celebrada a primeira Missa pública da história do Cristianismo. Ela disputa com a Basílica de Santa Maria Maggiore o título de primeira igreja construída em homenagem à Virgem Maria.
A imagem de Maria amamentando o menino Jesus era tão forte durante a Idade Média que as amas-de-leite, tão comuns entre as classes sociais mais altas daqueles tempos, eram vistas como representações da Virgem da Humildade, retratada por gênios da pintura como Bernardo Daddi, Giovanni di Paolo e Fra Angelico sempre vestida com roupas simples e sentada ao chão.
Mas esta imagem tão popular começou a cair em desuso na transição da Idade Média para a Idade Moderna, em virtude do advento da imprensa, do Protestantismo e do Concílio de Trento. Após este último, ocorrido na metade do século XV, as autoridades eclesiásticas passaram a desencorajar a presença de qualquer tipo de nudez em imagens religiosas, causando o lento desaparecimento da Madonna Lactans da iconografia católica.
Em paralelo a esta determinação institucional religiosa, a disseminação da imprensa ajudou a promover a desmistificação das formas do corpo pela medicina, que multiplicava o corpo e suas partes em inúmeros estudos gráficos destinados à produção de conhecimento científico. Mais recentemente, a imprensa também ajudou a banalizar o corpo e a impregnar sua imagem com uma sensualidade artificial.
E ainda a imprensa viria a colaborar com o desaparecimento da Madonna Lactans ao servir de instrumento de proliferação da Bíblia, algo que, em conjunto com o surgimento do Protestantismo, que causou a diminuição do uso de imagens e das práticas devocionais católicas relacionadas à Virgem Maria, transformou definitivamente as escrituras no centro da religiosidade cristã.
Todos estes fatores culturais, religiosos e tecnológicos fizeram com que até mesmo os católicos considerassem a imagem do seio feminino como algo impróprio para ser ostentado no interior de uma Igreja. E enquanto a imagem da amamentação de Jesus foi parcialmente censurada, fazendo da natividade uma cena familiar moralmente aceitável, o sacrifício de Jesus na cruz se tornou definitivamente o ícone do Cristianismo.
Por mais que as circunstâncias descritas acima tenham obliterado a sensualidade do seio de Maria, e com ela o seu misticismo, o esoterismo mantém viva esta representação da maternidade como elemento de acesso ao conhecimento gnóstico, oculto e secreto, pois não haverá o praticante das ciências ocultas de esbarrar em jogos dogmáticos e na distorção da natureza sagrada da sexualidade humana.
O seio é para o gnóstico, assim como para o menino Jesus, uma fonte de alimento erótico e espiritual imprescindível para o seu crescimento e desenvolvimento interior. O menino Jesus somente foi capaz de se tornar o vigoroso líder que desafiou a estagnação de sua tradição graças ao leite que verteu de maneira frondosa e abundante do seio de sua mãe.
Da mesma forma, para todo aquele que é capaz de respeitar a feminilidade e reconhecer seu caráter sagrado, a mulher amada, que é sempre uma mãe em potencial e que encarna os mais excitantes e divinos atributos da Virgem Maria, a Deusa do Cristianismo, oferecerá livremente seu seio como fonte permanente de uma força capaz de alimentar o erotismo que permitirá o nascimento místico do Cristo Interior.
Este nascimento foi, é e sempre será o objetivo central da prática gnóstica, mesmo que esta receba outros nomes mais adaptados a diferentes linguagens. Maria, pura e santa, a deusa que habita o coração do homem e também seu leito, está sempre disposta a oferecer seu ventre e seu seio para que o Cristo possa ser concebido, para que nasça, cresça e cumpra a missão de ser o elo de ligação com a divindade.
Maria Augusta da Silva Caliari e Pesquisa via Google-Internet-Forum Espirita.net
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 14/12/2014
Alterado em 04/01/2016