" Enígmas gnósticos da Mona Lisa"
Considerada a pintura mais famosa do mundo, quase tudo o que a História da Arte sabe a respeito desta obra ainda permanece envolto em mistério. Não se sabe com precisão a data em que ela foi pintada, não há consenso sobre quem teria servido de modelo para o quadro, e muito menos qual o enigma que repousa oculto em seus contornos fascinantes, despertando a admiração e o assombro no olhar daqueles que a contemplam.
Sua pintura foi realizada entre 1503 e 1506, muito embora Leonardo tenha trabalhado novamente sobre ela pouco tempo antes de sua morte, em 1519, no Château du Clos Lucé, na cidade francesa de Amboise, no vale do Loire. Ali ele chegou em 1516, trazendo consigo a Mona Lisa e outras duas de suas pinturas, Sant’Ana e São João Batista.
Mona Lisa nos apresenta o que se acredita ser o retrato de Lisa Gherardini, a esposa do mercador Francesco del Giocondo, que seriam na época seus vizinhos e desejavam uma obra para celebrar o nascimento de seu segundo filho. No entanto, a Mona Lisa carrega a representação de inúmeros elementos de uma ciência oculta que era conhecida pelos alquimistas, hermetistas e esoteristas do Renascimento, e que Leonardo soube comunicar com genialidade através de sua Arte Sagrada.
Após a morte de Leonardo, a obra foi comprada por Francisco I, Rei da França, e depositada no Palácio de Fontainebleau, para mais tarde ser levada por Luis XIV ao Palácio de Versalhes e em seguida por Napoleão aos seus próprios aposentos. Foi roubada em 1911, evento que a popularizou no mundo todo, e hoje pertence à República da França, estando em exibição permanente no Museu do Louvre, em Paris, desde 1797.
Existem muitos elementos nesta obra que podem ser analisados à luz da ciência gnóstica, mas é necessário começar por aqueles que já não existem mais, uma vez que acabaram sendo removidos quando a pintura foi aparada. Muitas cópias antigas trazem os elementos que não são mais visíveis no original. Trata-se de duas colunas, uma branca e uma negra, posicionadas atrás da figura feminina, entre ela e a paisagem ao fundo.
Esta composição nos recorda de um dos Arcanos da Sabedoria do Tarô, a lâmina da Sacerdotisa, que aparece entre as mesmas duas colunas e coberta por um véu, assim como a Mona Lisa é retratada. Esta figura feminina do Tarô é a representação da própria GNOSIS, a Ciência Oculta que se revela apenas aos Iniciados que atravessam o portal sustentado pelas duas colunas, símbolos do Bem e do Mal, da Luz e das Trevas, mostrando que é necessário transcender a dualidade aparente para encontrar a VERDADE.
Sustentando o Templo Divino no interior do qual repousa a ciência secreta, estas duas colunas, que segundo o legítimo esoterismo gnóstico representam o Homem e a Mulher, permitem entrever entre elas o Grande Arcano da sabedoria universal, o conhecimento capaz de transformar homens em deuses. Jachin, a coluna branca, e Boaz, a coluna negra, simbolizam a Sabedoria e o Amor, as duas colunas fundamentais da Loja Branca, no meio das quais reina absoluta a Felicidade.
Este maravilhoso simbolismo outrora presente na obra de Leonardo Da Vinci nos ensina que para atravessar este Umbral dos Mistérios e penetrar nas Iniciações Maiores é preciso lançar-se à Forja dos Ciclopes, ao trabalho com a Alquimia, à Transmutação de suas Energias Sexuais, mediante a chave suprema do Grande Arcano A.Z.F. Esta é a chave que permite ao homem levantar o Véu de Ísis, pois somente os deuses, os imortais, aqueles que encarnaram o que é Imortal, são capazes de fazê-lo.
Atrás da emblemática figura feminina existem duas paisagens distintas, uma à sua esquerda e outra à sua direita. A da esquerda revela um lago rodeado por inúmeros penhascos e que pode ser alcançado através de um caminho em forma serpentina. A da direita mostra uma planície, aonde existem uma ponte e uma caverna, com uma montanha ao fundo.
Estas são as duas vias da Alquimia, a via úmida à esquerda e a via seca à direita. Enquanto a via úmida é percorrida em dezoito meses, a via seca é percorrida em oito dias. Há várias formas de se compreender este mistério simbólico, e uma destas formas nos indica que as duas vias representam duas etapas da Iniciação Interior. O grande alquimista e mestre gnóstico Samael Aun Weor nos ensina que estas duas vias existem no interior de cada um de nós, e para ser alquimista é necessário aprender a percorrê-las.
A primeira via, a úmida, também chamada de Senda Nirvânica, é aquela que o iniciado percorre para alcançar as portas do Nirvana após haver realizado um trabalho preliminar com suas águas seminais e o fogo serpentino e, como resultado, ter percorrido as Cinco Iniciações Maiores e encarnado sua Alma em definitivo. Os dezoito meses que se demora para percorrê-la podem ser compreendidos novamente a partir do Tarô, desta vez pelo Arcano 18, a lâmina da Lua, que antecede a lâmina do Sol, indica-nos que este é um trabalho de transformação da Lua em Sol, de criação dos Corpos Solares, os veículos que são necessários para o nascimento do Menino Sol, do Cristo Íntimo.
A segunda via, a seca, também chamada de Senda Direta, é aquela que o iniciado, depois de ter alcançado a Quinta Iniciação de Mistérios Maiores, pode escolher para ingressar numa etapa mais revolucionária de seu progresso espiritual. Através dela, é possível chegar ao Absoluto, à Origem das Emanações, mas para tal se necessita realizar outro Mistério do Santo Oito, que se compreende com a chave do Tarô e sua lâmina da Justiça. É este Mistério que ensina à consciência do iniciado a necessidade de retificar todo o trabalho ígneo realizado anteriormente, passando agora pelas Oito Iniciações Venustas. Caminhando por elas, o Cristo Íntimo nascido na manjedoura formada pelos Corpos Solares vai vivendo todo o Drama da Paixão até ser crucificado, antes de ressuscitar e prosseguir às etapas seguintes deste vertiginoso caminho.
Em todo o percurso acima descrito, composto pelas duas vias da alquimia, o iniciado precisará contar com o auxílio, a proteção, a bênção e a sabedoria de sua Divina Mãe Kundalini, a presença do Eterno Feminino em nós. E a presença desta Grande Mestra da Alquimia em nosso interior está representada de forma sutil na pintura que mescla traços femininos com as expressões faciais do próprio artista. Leonardo Da Vinci plasmou em sua obra a realidade desta presença espiritual feminina em todo ser humano.
Até mesmo Dan Brown, o autor de O Código Da Vinci, inspirado pelas tradições gnósticas e cátaras que no passado reverenciaram o Eterno Feminino através de múltiplas simbologias, usou essa visível androginia de Mona Lisa em sua obra para tratar dos Mistérios Gnósticos da Câmara Nupcial e incluir Leonardo Da Vinci no seleto grupo de Iniciados que eram capazes de compreender e transmitir este segredo divino.
Além de reforçar a ideia de que a figura da Mona Lisa é uma espécie de auto-retrato de Leonardo, fazendo dela uma mescla harmônica de macho e fêmea, numa parte de seu livro Brown sugere que o nome MONA LISA seja um anagrama para AMON L’ISA, a junção dos deuses egípcios Amon e Ísis, sendo L’ISA um antigo nome pictográfico da deusa. Em toda a Tradição Esotérica sempre foi muito comum o uso de anagramas para comunicar um segredo de natureza espiritual, impossível de ser plenamente codificado em palavras.
Seu sorriso enigmático, sugere o mesmo escritor, é um sinal de que Leonardo tinha a intenção de mostrar que ali há um segredo, muito embora não o tenha revelado em palavras. Este sorriso convidativo da Grande Mãe, que mescla sensualidade e rigor, revelando numa gentil expressão facial a chave mestra que nos permite mesclar inteligentemente as ânsias sexuais e os anelos espirituais, continua nos incitando à contemplação de sua sabedoria através da arte e do gênio de Da Vinci.
Maria Augusta da Silva Caliari e pesquisa Google- wikipédia a enciclopédia livre
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 01/07/2015
Alterado em 15/11/2015