"Tempo Quaresmal !"
São seis semanas de preparação para a Páscoa. Ela une profundamente cristãos e judeus. A mesma Sagrada Escritura serve de elemento constitutivo para uns e outros. A diferença é que nós celebramos o que já aconteceu, a vinda do Messias esperado e vivemos na esperança da vida definitiva no paraíso; os israelitas, na expectativa do Salvador prometido ou o Reino de Deus.
Uma eficaz e condigna celebração da Páscoa se obtém, sobretudo, pela lembrança das exigências do Batismo, a frequência em ouvir a Palavra de Deus, a oração, o jejum e a esmola. A penitência é uma característica desta época. Lamentavelmente, hoje em dia, os cristãos, arrefecidos em sua Fé, esquecem-se desses compromissos.
O Concílio Ecumênico, na Constituição Sacrosanctum Concilium& adverte: A penitência no tempo quaresmal não seja somente interna e individual, mas também externa e social. São recomendados também ;os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias, como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias); (Catecismo da Igreja Católica, nº1438).
Esse quadro nos indica o caminho da perfeição, que passa pela Cruz. E lembra o dever da santidade, que, para ser cumprido, exige o esforço. Em consequência, a ascese e a mortificação, fazem parte do plano de Deus a respeito de seus filhos.
O quinto mandamento da Igreja prescreve o jejum e a abstinência. Eles são um meio de dominar os instintos e adquirir a liberdade de coração. Estão presentes também no Código de Direito Canônico (cc 1249 a 1253). O primeiro começa:Todos os fiéis, cada qual a seu modo, estão obrigados pela lei divina a fazer penitência. E no seguinte: Os dias e tempos penitenciais em toda a Igreja são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma. No Brasil, a abstinência das sextas-feiras ; exceto na Semana Santa ; pode ser comutada por outras formas de penitência, principalmente obras de caridade e exercícios de piedade.
Este período do ano litúrgico coloca diante de nossos olhos, como imperativo da vida cristã, a conversão através da penitência. Ora, nós respiramos uma atmosfera visceralmente contrária. Tudo em torno de nós sugere o prazer sem limites, isento de compromisso, um comportamento à margem das exigências oriundas das determinações do Evangelho. Essa maneira de ser penetrou os umbrais sagrados. Assim, pouco se fala do pecado, dos deveres que são substituídos por direitos sem barreiras, de um Cristo despojado de seus ensinamentos, que constrangem a sede ilimitada de liberdade sem peias.
Esta época litúrgica tem muita semelhança com o apelo dos profetas à conversão, e esta, a partir do coração. Tanto é assim que usamos os textos do Antigo Testamento na escuta da Palavra de Deus, dirigida a cada um dos fiéis em nossos dias.
O apelo de Pedro deve repercutir em nossos ouvidos: Salvai-vos, dizia ele, dessa geração perversa(Atos 2,40). Vivemos no mundo, mas sem seguir suas orientações. O cristão será sempre alguém que rema contra a corrente. Quando encontramos um pregador ou um agente pastoral que teme ensinar a mesma Doutrina de Jesus Cristo ou prefere amenizá-la para não afastar os fiéis, sabemos que não são verdadeiros pastores.
A Quaresma é um tempo propício à reflexão cristã, a uma conversão do coração, a uma prática de penitência, tão distanciada de uma mentalidade moderna à margem do Evangelho, mas que penetrou até nas fileiras dos seguidores de Cristo.
Vivendo os ensinamentos da Igreja neste tempo litúrgico, nos dispomos a receber as graças da Páscoa da Ressurreição.
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Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 14/02/2018