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"Meu Coração É Todo Seu!"

Título: Meu Coração É Todo Seu
Autor: Aurélia Cruz
Editora: Publicação Independente
Número de Páginas: 290
Ano de Publicação: 2017

Jovem e dedicado, padre Emanuel vê sua fé e seus sentimentos abalados ao conhecer Maia, uma fotógrafa bonita e bem-sucedida.
Maia, por sua vez, tenta a todo custo manter o controle de seus sentimentos para que nenhum homem a magoe ou abandone.
Quando Caio entra em sua vida trazendo carinho e proteção ela crê que está segura, até que uma tragédia pode abalar esse amor e separá-los para sempre.
Mesclando a doçura e as dúvidas do surgimento de um romance inesperado com as dificuldades decorrentes de conflitos familiares, Meu Coração É Todo Seu, de Aurélia Cruz, se desenvolve ora com momentos de mais sensibilidade ora com outros de mais intensidade.

Caio e Emanuel são irmãos, porém completamente diferentes um do outro, principalmente por Caio não compreender a vida religiosa levada pelo irmão, que se tornou padre por conta de uma promessa feita por sua mãe.
A vida de ambos é impactada pela chegada da fotógrafa Maia, que também se vê afetada pela entrada de Caio em sua vida. É quando as personagens precisarão lidar não apenas com os próprios sentimentos, mas principalmente com uma tragédia colocada em seus caminhos.

O que mais me chamou a atenção antes de iniciar a leitura de Meu Coração É Todo Seu foi a presença de um padre no enredo, algo que foge do habitual entre os romances com que tenho contato. No fim, esse acabou sendo, também, o aspecto na obra que mais me cativou.

As passagens narradas por padre Emanuel foram as mais belas e sensíveis, ao mesmo tempo que seus conflitos internos também foram os mais bem explorados e aprofundados. Acima de tudo, vi Emanuel como alguém concreto e real, um personagem que sem dúvidas poderia existir.

A narrativa do livro se dá em primeira pessoa, alternando os capítulos de acordo com as perspectivas das diferentes personagens. Ao mesmo tempo em que essa técnica permite que as conheçamos melhor, em outros momentos senti que ela prejudicou um pouco a leitura, no sentido de recontar acontecimentos já narrados por outra personagem.

Talvez, se os acontecimentos, nesses casos, fossem relembrados ao invés de demonstrados novamente, a sensação de repetição — ou até mesmo de confusão, uma vez que os retrocessos quebram a linearidade dos acontecimentos — fosse minimizada e permitisse uma maior fluidez da leitura.

Em relação à obra geral, minha maior impressão foi a de potencialidade de Aurélia Cruz. Meu Coração É Todo Seu é seu primeiro livro e, com ele, revela tanto o talento já existente na autora quanto os aspectos de sua escrita que podem ser refinados.

Embora as passagens de padre Emanuel tenham me encantado, por exemplo, a relação entre ele e Caio não foi tão aprofundada, assim como a relação entre Caio e Maia: minha sensação era de que a história do casal não era própria deles, mas desenvolvida a partir de uma ideia pré-concebida sobre o que deveria existir em um romance do gênero.

Os diálogos do livro, por sua vez, em certos momentos dão a sensação de artificialidade ou são colocados em excesso na narrativa — algo, na realidade, bastante comum de se encontrar em trabalhos de escrita iniciantes.
Contudo, a predominância de cenas com descrição de acontecimentos e sentimentos sem que eles sejam demonstrados ao leitor me deram a sensação de, principalmente, acompanhar a história, mas não de me fazer senti-la; senti falta de ter vivenciado as emoções e conflitos, ao invés de simplesmente ter consciência de que eles existiam.
Maria Augusta da Silva Caliari
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 16/07/2018


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