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O que tens de diferente,tens de bonito!

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"Uma discrição de espírito!"

Se eu estivesse certa de que Carolina amava Carlinho eu  sentiria, de certo. Mas, aquele amor, apenas havia começado e devia ceder ao orgulho e a ideia de que não devia lutar com um homem que eu julgava moralmente inferior acabaria por triunfar naquele espírito.
Desse modo uma paixão má, um defeito moral, traria a antiga fé àquele coração.
Mas, a incerteza, não! Desde que entrevia uma probabilidade, uma esperança, acendia-se a paixão cada vez mais e acabava por dispor a entrar nessa luta tenaz entre o homem e a fatalidade dos sentimentos!
Mas, poderia Carolina adivinhá-lo? Aquela moça, filha de um homem sisudo, educada aos cuidados dele, mostrando ela própria certa elevação de sentimentos, e, até certo ponto, uma discrição de espírito, poderia amar a um rapazola vulgar, sem alma nem coração, frívolo como os divertimentos em que ele se comprazia?
Se por um lado isso parecia impossível, por outro eu me recordava do muito que era e do pouco que vira! Recordava-me do que comigo mesmo sucedera e desanimava com a ideia de que tão boa pérola fosse engastada em cobre azinhavrado e vulgar.
Nesta incerteza deitei-me e levei parte da noite sem poder conciliar o sono.
Maria Augusta da Silva Caliari
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 20/10/2018


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