"Tudo que os jovens precisam!"
Em Sonho Grande, a autora Cristiane Correa nos conta a história fantástica de uma gigante brasileira que se tornou possível por causa de um sonho. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira criaram, em menos de 40 anos, um império bilionário no capitalismo brasileiro e ganharam uma projeção sem precedentes no cenário mundial. Através do seu fundo de investimentos 3G Capital e da Inbev, eles foram capazes de comprar marcas icônicas para o consumidor americano como Budweiser, Burger King e Heinz.
Tudo isso, sem perder a discrição característica do trio, sempre se esforçando para ficar longe dos holofotes. Para escrever o livro, a autora tentou entrevistá-los por muitos anos e não conseguiu, por isso, Sonho Grande é resultado de uma extensa pesquisa e entrevistas com mais de 100 pessoas, incluindo até mesmo Warren Buffett. Os três criaram uma fórmula vencedora de gestão que se baseia na meritocracia, simplicidade e na redução de custos constante. O jeito de fazer o sonho grande se tornar realidade é tão eficiente quanto desafiador, pois não há espaço para o desempenho medíocre. Para o grupo, quem traz resultados excepcionais tem a chance de se tornar sócio das companhias, ter a sensação de ser dono e, assim, fazer fortuna. Sonho Grande conta a história destes três empresários desde a fundação do Banco Garantia, nos anos 70, até a atualidade.
Na prática, o perfil buscado por eles era de gente jovem, inteligente e ambiciosa, que buscava uma empresa onde pudesse crescer, realizar-se e ganhar dinheiro. O trio sempre valorizou o trabalho de forma impressionante e buscaram pessoas que também colocavam o trabalho em primeiro lugar. O Banco Garantia era um banco de investimentos que, desde o início, sempre valorizou profissionais workaholic, que passavam o dia inteiro em suas mesas no escritório da empresa. No mercado financeiro, existe uma cultura de chegar cedo e sair tarde e, no Garantia, sobreviviam apenas aqueles que aceitavam deixar de lado as questões pessoais para perseguir uma carreira de alto crescimento. O perfil PSD valorizava funcionários com sangue no olho e faca nos dentes, gente que realmente queria fazer o negócio acontecer.
Para atrair e reter estes talentos, eles se guiaram pela meritocracia, um sistema onde as pessoas cresciam e eram promovidas por suas realizações e contribuições para a empresa. No Brasil, isso era extremamente incomum na época, chegando a ser até mal visto por algumas empresas. Lemann, que estudou em Harvard, percebeu por lá que esse era o modelo de empresa que ele queria construir. Eles perceberam cedo que, sem equipe, ninguém consegue construir uma empresa realmente grande. Recrutar certo é a chave e eles buscavam detectar quem estava realmente disposto a se sacrificar em troca do sucesso financeiro oferecido.
Além disso, treinar e manter gente boa é um esforço constante e permanente de todos eles, em todas as suas empreitadas. Para o trio, diplomas, títulos e uma ampla experiência prévia não são necessários, desde que a empresa seja capaz de prover o treinamento adequado e disponha dos recursos necessários. O investimento de treinar e capacitar profissionais de alto potencial acaba compensando a falta de experiência se o candidato realmente se dedica e quer aprender. Gente boa atrai e forma gente boa e o trio sempre preferiu promover gente da casa, em vez de buscar talentos seniores no mercado.
Enviado por Maria Augusta da Silva Caliari em 03/09/2022